segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Nossa Posição sobre a lei antifumo

Quem já teve a curiosidade de ler a lei federal e a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (usada para justificar a lei antifumo paulista), entenderá o posicionamento de intelectuais, filósofos e pensadores com relação a lei de Serra.

A lei federal atende à Convenção Quadro.

A lei paulista não é a "lei que proíbe o fumo em ambientes fechados". Isto a lei federal já faz, restringindo o fumo a fumódromos isolados e com exaustão adequada.

Você pode dizer: "mas é uma esculhambação, o povo fumava em barzinhos, nas baladas, ninguém respeitava..."

Isto aconteceu não por falta de educação de fumantes ou por culpa de maus comerciantes. O responsável pela anulação da lei federal em São Paulo foi o prefeito Kassab, que assinou um decreto isentado casas noturnas e estabelecimentos menores de 100m2 da obrigação de ter fumódromos. Isso foi confirmado pela médica Jacqueline Issa - Vigilância Sanitária, momentos antes do debate da MTV.

Qual é, então, a novidade da lei paulista?
  • Elimina os fumódromos. Mas não todos. O fumo é permitido em ambientes fechados usados para cultos religiosos. Desde que sejam "adotadas condições de isolamento, ventilação ou exaustão do ar que impeçam a contaminação de ambientes protegidos por esta lei" (Artigo 6o). No entanto, os equipamentos aprovados no Artigo 6o da lei não servem para empresas ou estabelecimentos.
  • Muda o conceito de "ambiente fechado" abrangendo toldos e varandas.
  • Proíbe a venda de bebida e comida nas tabacarias (único local público onde é permitido fumar).
  • Manda o fumante fumar em casa.


Quanto, exatamente, a lei melhora a saúde do não fumante? Nada.

  • Não fumante não frequenta fumódromo.
  • Funcionários e fiéis continuam expostos em tabacarias e locais de culto religioso.
  • É impossível medir níveis em áreas semi-abertas (toldos e varandas) - tanto pela dispersão quanto pela provável interferência da poluição dos automóveis.
  • Aumenta a possibilidade de exposição pelas crianças: nas áreas comuns dos condomínios os fumódromos também são proibidos.

O que isso muda para o fumante? Tudo.

  • A intenção da lei é a de obrigá-lo a parar de fumar na marra, com custo zero para os cofres públicos;
  • Não há telefone para tratamento no portal da lei paulista (só o disque-denúncia);
  • A lista de espera para tratamento é de 8 meses;
  • Em breve os fiscais não serão necessários porque o cidadão comum vai substituí-los através dos mecanismos de denúncia;


O tabagismo está na classificação internacional de doenças. Como disse o Dr Celso Antonio, pneumologista do INCA, no debate da TV Câmara, "não ha o que discutir". Em todos os países signatários da Convenção Quadro o foco da saúde pública é o fumante.

A lei paulista, no entanto, taxa o fumante como agressor e incentiva a perseguição e a discriminação.

Uma vez que, se comparada à lei federal, não há benefícios para os não fumantes nesta lei, fica claro que a intenção do Governador Serra é impor a esta parcela da população um "comportamento saudável".

O argumento final de que o fumante gera despesas para a saúde não procede. Se fosse assim, outros comportamentos "não saudáveis" deveriam entrar na lista. E nenhum destes outros comportamentos gera ao governo os impostos arrecadados pelo fumo (só a Souza Cruz paga 5 bilhões de impostos por ano).

A lei paulista não protege os não fumantes. Porque não fumante, antes de ser não fumante, é um cidadão e esta lei dá ao Estado o poder de determinar como o cidadão deve se comportar com relação à sua saúde. É um precedente perigoso, e poucos estão se dando conta disso.


http://eufumo.com.br/publicacoes/decreto federal.pdf
http://eufumo.com.br/publicacoes/Decreto_Kassab.pdf
http://eufumo.com.br/publicacoes/legislacao.pdf
http://eufumo.com.br/publicacoes/ConvencaoQuadro.pdf

2 comentários:

  1. estou sentindo que acabou o movimento contra essa lei absurda e desrespeitosa
    queria locais para eu fumar meu cigarro tranquilamente
    mas o serra que tem uma qualidade de vida pessima, nao dorme direito, tem olheiras de alcoolatra, nao admite q alguem relaxe fumando seu cigarrinho
    um absurdo
    pena que nao vai dar em nada
    o meu medo eh se esse maluco virar presidente

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  2. Prezado jsmo,
    Felizmente ainda tem alguns estabelecimentos que se preocupam em atender bem seus clientes fumantes, e tem se esforçado para oferecer alternativas "dignas". Dê uma olhada no site http://www.aquipode.com
    O site é colaborativo e busca atender a vários grupos de "excluidos".
    O movimento não parou: na verdade acho que estão todos esperando o parecer final do Governo Federal.
    O Rio Grande do Sul aprovou uma lei que é bem mais flexível, vc ja viu? Segue os moldes da Lei Federal, que mesmo após 10 anos ainda não foi regulamentada, dando margem para todas as atitudes eleitoreiras dos governantes de outros estados.
    Na pesquisa do nosso site, atualmente com 546 respostas, temos um retrato bem mais fiel do que pregam sobre a aceitação da lei.
    Um abraço,

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