quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Notícia do Estadão de hoje: Até garçom fumante está menos intoxicado.

O Estado de São Paulo, quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009

Estudo indica redução de 35,7% na concentração de monóxido de carbono no organismo de funcionários de bares que fumam.

Medições foram feitas antes da lei e 3 meses depois da lei (novembro) e apontam seguintes níveis:
garçons fumantes: de 14PPM p/ 9PPM
garçons não fumantes: de 7ppm para 3ppm
medições nos ambientes:
fechados: de 5PPM para 1PPM
parcialmente abertos: de 4PPM para 1PPM
abertos: de 3PPM para 1PPM

Pera lá: em ambientes parcialmente abertos e abertos??? A própria Luizemir Lago (Cratod) afirmou ser impossível avaliar isso devido à dispersão de poluentes... (em entrevista para o Estado de São Paulo - 05/2009 - Blitz caçafumaça usará "fumômetro")

Resolvi checar isso de perto.

Veja histórico da Cetesb quanto à concentração de monóxido de carbono neste ano (clique para baixar o arquivo pdf).
Antes da lei (inverno) - altíssimo, 3 meses depois, com as chuvas, o ar está limpo em todas as regiões de São Paulo.

A redução maior foi registrada em Taboão da Serra (54%) e a menor em Congonhas (26%).

A queda média nas 14 estações medidas foi de 41%.

O que este estudo revela, e é importante, é quanto a poluição de São Paulo afeta a saúde dos cidadãos - fumantes e não fumantes. E quanto esta informação tem sido sonegada da população.

Se uma pangaré como eu descobriu em pouco tempo de análise um "furo" tão grande como este, imaginem quantos erros descobririam os especialistas. Infelizmente São Paulo entrou na era da "fabricação" de estudos... Vamos ver quantos mais aparecerão.


Leia a reportagem na íntegra:
Até garçom fumante está menos intoxicado
Incor aponta redução de 35,7% na concentração de monóxido de carbono no organismo de funcionários de bares que fumam, após lei Fernanda Aranda
Até os pulmões dos garçons fumantes tiveram "trégua" dos efeitos da fumaça com a vigência da lei antifumo, indica a primeira pesquisa científica sobre a legislação vigente há quatro meses no Estado de São Paulo. Estudo feito pelo Instituto do Coração (Incor), divulgado ontem, mostra que o banimento do uso do cigarro em ambiente interno implicou redução de 35,7% na concentração do poluente mais nocivo do tabaco, o monóxido de carbono (CO), dentro do organismo de funcionários de bares, restaurantes e casas noturnas da capital paulista que têm o hábito de fumar.
No total, 200 profissionais que se declaram fumantes participaram do mapeamento sobre o impacto da lei na saúde. Antes da exigência dos ambientes completamente livres de cigarro - com a proibição até mesmo do fumódromo -, essa turma apresentou concentração média de 14 ppm no organismo (unidade de medida do CO). Doze semanas depois da norma estadual passar a valer, o índice do grupo caiu para 9 ppm. "Uma evidência contundente de que o próprio fumante não é imune à fumaça do tabaco que ele ou outra pessoa expele", afirmou a pneumologista e autora da pesquisa, Jaqueline Isa.
O levantamento contemplou também os garçons que nunca fumaram e, para os 200 pesquisados, a redução de CO foi de 57,1%, saindo de 7 ppm antes da lei para 3 ppm. Ou seja, antes eles tinham dosagem de monóxido semelhante a quem fuma até cinco cigarros por dia. Agora, voltaram a ter pulmão compatível ao de um morador de cidade grande que, mesmo sem fumar, sofre algum tipo de contaminação por causa da poluição veicular - como já atestou pesquisa do Laboratório de Poluição da USP.
Para fazer a pesquisa, o Incor firmou parceria com o Centro Estadual de Vigilância Sanitária (CVS), uma das pastas responsáveis pela fiscalização da lei antifumo, com o intuito de que a coleta de dados fosse feita durante as blitze. Os garçons participantes foram escolhidos em 710 estabelecimentos do segmento noturno visitados pelos técnicos. As medições, afirma o Incor, foram realizadas antes da lei e três meses depois, sempre no mesmo dia da semana e no horário da primeira coleta.
Os funcionários sopraram um aparelho que mede a dosagem de CO, chamado de monoxímetro, durante o horário de trabalho, que coincide com a hora de lazer do paulistano. Por isso, também foi avaliada a qualidade ambiental dos locais. Nos ambientes fechados, a dosagem de monóxido passou de 5 ppm para 1 ppm. Nos parcialmente abertos, de 4 ppm para 1; nos abertos, de 3 para 1. "Conseguimos equalizar as concentrações nos locais com a lei", afirmou Jaqueline, ao ressaltar que antes da legislação 49 recintos, a maioria casas noturnas, estavam em situação crítica para CO, acima de 9 ppm, mais alta do que o escapamento de um caminhão, por exemplo.
Os resultados do Incor respondem pela primeira etapa da pesquisa - inédita na utilização do monoxímetro como marcador de mudanças. O próximo passo é mensurar se a legislação paulista terá interferência na mortalidade por enfartes e derrames, temas que já fazem parte da literatura científica internacional.
Em Paris, o Instituto Nacional de Prevenção concluiu que após um ano de lei antifumo francesa os casos de "pane no coração" caíram 15%. Em Nova York, pesquisa do Departamento de Saúde Pública atestou que as queixas de problemas respiratórios diminuíram em 88%. Em São Paulo, a expectativa é de que os mesmos efeitos sejam alcançados, até mesmo na população jovem, cada vez mais alvo de doenças fatais cardiovasculares. O Instituto Dante Pazzanese mostrou que em dois anos aumentou em 12% os casos de enfartes em quem tem menos de 40 anos. Um dos motivos é o tabagismo.

Um comentário:

  1. Adoro esse blog!

    Parabéns pela iniciativa.

    Essa lei é absurda. Mais uma manobra eleitoreira. O pior é que a mídia ajuda, com informações distorcidas.

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